quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Marcus André


Conheci abstratamente durante uma aula, dias atrás, e já me é familiar. Naquele âmbito de admiração, através da obra.
A curiosidade sobre encaústica vem de meses. Como não encontrava referências virtuais que me satisfizessem (não soube procurar), percorri sebos atrás de determinado livro. Caro e inútil. Fiquei a navegar nas mesmas águas.


Entretanto a obra de Marcus André e o pouco que consegui ler me cativaram.
Parco conteúdo artístico ainda não me permite análise ou descrição técnica, mas admite a apreciação pessoal.
Gostei muito.
Da profusão e disposição de formas e cores, preenchendo toda o suporte, assim como nas telas pessoais e intrínsecas, que tem menos espaços vazios a medida que avançamos no tempo.


E as linhas! Fluindo e entrelaçando, linhas de circulação, de seiva, de tempo... caminhos; percorridos e a percorrer.
Não tenho ideia se esta é a motivação ou interpretação do artista, porém foi meu canal de identificação.
Com estes cordões encontrei-me numa pintura, um dos primeiros ensaios abstratos que fiz (Libertas lat) , do final de 2019 para o começo deste ano. E surpreendentemente foi trabalho meu que gostei. Penduro na parede, não dou, não vendo nem troco, porque é realmente uma expressão pessoal.


Marcus André obviamente leva as linhas traçadas a outro nível de complexidade e riqueza artística. em suas obras de encaústica e têmpera.
Um caminho de formas e cores tão atraente...quero ser como ele quando crescer.
Para ilustrar um pouquinho da trajetória deste artista registro um depoimento e dados biográficos:

Depoimento

 
" encáustica é um composto, uma pele pictórica, uma técnica. Ela em si não é muito expressiva. Imagine uma coisa que retém a luz, que não devolve muita luz, ela absorve a cor, e isso me interessou. 
A encáustica come o pigmento, abafa, corta a cor. Pela própria natureza do material, as cores não ficam muito vibrantes, você tem que criar essa vibração. 
Quando você usa óleo, você pega um amarelo, um vermelho, um laranja, e pinta uma superfície, aquilo é muito mais vibrante, é mais presente, tem mais plasticidade, tem mais oferta para o olho. No óleo a cor vem pronta. 


Na encáustica eu arbitro a saturação dela. Mas, apesar da cor, eu não acho que este trabalho seja essencialmente sobre cor, e não tem a pretensão de ser. O que eu acho mais interessante é uma sugestão de uma paisagem que você tem como entrar, e essas intervenções que são pouco evidentes, que você pode voltar atrás nelas, que você pode reconstituir. 
Uns tem mais, outros tem menos, tem uns que não tem quase nada. Mas, o que fica mais evidente pra mim são essas camadas, a têmpera e a encáustica, e nisso a paisagem vai se apresentando, vai criando esse aspecto de paisagem. 
Eu não tenho preocupação nenhuma sobre se ele é abstrato ou figurativo. Isso não é para mim uma questão." 


Biografia
"Marcus André (Rio de Janeiro, 1961) vive e trabalha em Búzios, no Rio de Janeiro. 
Frequentou os cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage entre 1978 e 79 e em 1984 participou da exposição ‘Como Vai Você, Geração 80?’.
Em 1985 cursou a Parson’s New School of Social Research Printing, em Nova York. 
De volta ao Brasil, recebeu o prêmio no XIII Salão Nacional de Artes Plásticas e realizou individuais de pintura na Funarte Projeto Macunaíma/ Espaço Alternativo RJ, Projeto Centro Cultural São Paulo / Pavilhão da Bienal Ibirapuera e MASP SP. 
Representou o Brasil em Bienais no México, Cuba, Equador e Japão. 
Recebeu os prêmios de aquisição em pintura no Museu de Arte de Brasília DF e na Mostra Internacional de Gravura Curitiba PR. 
A partir de 1995 foi contemplado com as bolsas: Primeiro Programa de Bolsas RioArte 1995-96, tendo na comissão os críticos e professores Heloisa Buarque de Holanda e Ronaldo Britto, O Artista Pesquisador MAC Niterói RJ 1998, Bolsa FAPERJ / Fundação de Apoio a Pesquisa 1998 e The Pollock-Krasner Foundation Inc. Grant NY 2007. https://www.marcusandre.com 



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