segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Espaços e Perspectivas - FRG





" É preciso dizer como habitamos o nosso espaço vital de acordo com todas as dialéticas da vida, como nos enraizamos, dia a dia, num "canto do mundo"." ( Bachelard, 1966, p.24)
"Todo espaço realmente habitado traz a essência da noção de casa". (idem, p.25)

Segundo Francastel (1990): "O espaço não é uma realidade em si, da qual somente a representação é variável segundo as épocas.
O espaço é a própria experiência humana"

Como o artista apresenta seu tempo e suas experiências?





Para além do espaço nas experiências, memórias e imaginação humanas, temos a necessidade de aprender códigos de uma linguagem que é universal, construída de diversos modos em cada contexto histórico e cultural, cuja base serve para entendermos o que é a "civilização das imagens" na qual estamos mergulhados atualmente: as perspectivas...


O espaço natural é composto pela largura, altura, profundidade e pelo tempo..."


 As projeções surgiram da necessidade de se criar uma linguagem gráfica que pudesse ser codificada e compreendida em muitos idiomas, universalizando assim a representação gráfica.

PROJEÇÕES ORTOGONAIS  (paralelas)
Consideram  os raios projetantes ou paralelos.
Forammuito empregadas no período Medieval Ocidental e na arte Oriental. Seus métodos principais são:
- Perspectiva Cavaleira
- Axonometria
- Vistas Ortogonais. 





PROJEÇÕES CÔNICAS
Consideram as projetantes a partir de um centro (ponto), de onde saem todos os raios visuais em forma de cone.
Os processos perspectivos mais conhecidos são
- 3 Escalas dos Arquitetos .
- Pontos Medidores ( Montenegro, 1988).
Esses métodos foram desenvolvidos a partir dos estudos geométricos do renascimento.
 A perspectiva cônica considera os olhos do observador como o ponto de vista e um Plano Projetivo ( quadro) na posição vertical. Na altura de seus olhos encontram-se o(s) Ponto(s) de FUGA e a LINHA DO HORIZONTE.
Há várias possibilidades para a representação em perspectiva cônica, que vão depender da localização do observador e da posição do tema observado.


"O ponto de vista, é portanto, a inscrição do local de onde se olha a cena, ponto de fixação dos aparelhos utilizados pelo artista para dispor a imagem em perspectiva" ( Fragoso, 2005, p.6) cap 1.

Foi durante o Quattrocento que se deu a sistematização de muitos conhecimentos no campo das projeções, a partir da geometria de euclides (Grecia Clássica) e das teorias dos artistas e geômetras renascentistas, em especial nos tratados de Albert, Dürer, Da Vinci e Brunelleschi

"O código da perspectiva renascentista faz do olho do sujeito o elemento fundante e central da representação." (FRAGOSO,2005,p.8).



PERSPECTIVA CURVILÍNEA

"Perspectiva curvilínea é uma processo gráfico usado para desenhar objetos em uma superfície plana, com a intenção de criar a sensação de que se está a observar uma superfície curva. Artistas como Jan van Eyck e Escher desenvolveram trabalhos com esse tipo de representação".





"Toda  construção perspectivada pressupõe o estabelecimento de um "ponto de observação", em função do qual se organizam os elementos de representação" (FRAGOSO,2005,p.57)

A perspectiva e os efeitos visuais que os sistemas de projeção podem provocar, foram motivo de pesquisa de muitos artistas a partir do renascimento, em especial no contexto Barroco, onde explorou-se muito os efeitos anamórficos de projeção.

Segundo Francastel (1933,p105): " O pensamento plástico orienta-se principalmente para a descoberta das estruturas da sensibilidade e, muito especialmente quando se trata de artes figurativas, para a exploração das regras da percepção e de integração do campo óptico ( Francastel, P.  realidade Figurativa, 1933).A


A diversidade de caminhos que conduzem à expressão plástica do espaço perpassa os séculos, e se atualiza a cada nova fase de produção artística, sintonizadas as características de seu contexto.




* Reprodução de PDF da professora Rosanny M Teixeira

domingo, 30 de agosto de 2020

Perspectiva - Caixinha Quadriculada



A tarefa designada pela prof.  Rosianny Teixeira é um exercício de perspectiva e desenho.

1º - Quadricular uma caixa (tipo caixa de chá) planificada, construir o visor central, o visor no canto, e fotografar pelos orifícios.

2º - Relacionar este "ambiente" em miniatura da caixa com o seu lugar preferido de casa, escolher uma peça de mobiliário que você goste e desenhar, a partir dos enquadramentos das fotografias da caixa.

3º - Abrir a caixa e desenhar este mesmo móvel planificado, ou seja, projetado nas paredes.

Use materiais que você tenha em casa, se gosta de cores, explore-as nos desenhos. Caso goste dos resultados, insira seus desenhos e anotações no seu diário de bordo.



Sem caixinhas de chá em casa, construí uma, quadriculei e fotografei. O resultado não foi dos melhores, pois as faces da caixa não ficaram muito retas. O papel menos denso ondulou.
Entretanto  foi possível visualizar a perspectiva.

Quanto ao desenho...não o local preferido da casa, mas um canto pessoal.

Tridimensional - Escultura na Palma da Mão




Proposição do professor Flavio marinho de Tridimensional: - Realizar uma escultura que caiba na palma da mão, postando o resultado em imagem, o conceito ou vinculação literária.

Outra atividade , dentro da disciplina Fotografia era apresentar  fotos da Pandemia. Dividi as imagens em 3 grupos representando  diversas sensações em relação a Pandemia, até o momento.

Caminhando com a Pandemia

1ª Fase - Conturbação
2ª Fase - Confinamento
3ª Fase - Conciliação

Na fase Conciliação fotografei uma bandeja com grãos de café, do cafeeiro de estimação que foi podado, colocada ao sol para secar, para após descascar, torrar e moer..


Café e Pandemia 
 
Cada um reage em diferentes tempos, intensidades e sentimentos frente a situações de risco, ou tragédias.
Vivemos uma, mundialmente, e mesmo querendo distanciarmos é nosso pensamento todos os dias: Pandemia!
O susto inicial traz angústia, medo, conturba o espírito.
No momento seguinte tentamos nos resguardar, afastando o perigo, trancando as portas, evitando o confronto. Confinamos.
Com o passar dos meses urge a necessidade de continuar a vida e tentamos conciliar. Adaptar as necessidades do cotidiano aos cuidados para bloquear o contágio.
E vivemos.
Tentamos um viés de normalidade dentro da possibilidade do caos.
Escolhi a bandeja de grãos de café, pois houve este resgate das origens. Do fazer manualmente, em casa.
Do pão, do grão, do café de quintal, torrado e moído.



Uma coisa leva à outra...

Sendo café o protagonista desta arte é quase automático lembrar de Portinari, "pintor do café", suas maravilhosas telas e poesia.
Assim disse "Candinho": - Vim da terra vermelha e do cafezal.
Levou o cafezal para as telas e páginas literárias publicando,em 1964, um livro de poesias.


“O menino do povoado” (Saí das águas do mar)

Saí das águas do mar
E nasci no cafezal de
Terra roxa. Passei a infância
No meu povoado arenoso.

Andei de bicicleta e em
Cavalo em pelo. Tive medos
E sonhei. Viajei no espaço.
Fui à luta primeiro do que o sputnik.

Caminhei além, muito além, para
Lá do paraíso. Desci de paraquedas,
Atravessei o arco-íris, cheguei
Nos olhos-d’água antes do sol nascer.


Vídeo

Da TVescola sobre a vida e a obra de Cândido Portinari em sua cidade natal Brodowski.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Imagem e Mensagem Através da História



Para fechar a semana de estudos online, com a presença da professora Claudia Priori e convidados,   ouvimos sobre as imagens, e o que elas nos trazem  a respeito das sociedades humanas, no decorrer do tempo.
Sobre religiosidade, hábitos sociais, poder, preconceitos e posicionamento político.
Imagem é uma ferramenta poderosa e os poderosos aprenderam isto desde os primórdios.
Na arte rupestre  humanos que pincelavam paredes de cavernas provavelmente exerceram influência sobre os demais.
Durante determinadas épocas a propaganda através de imagem levou povos a cair em engodos, como o da supremacia racial, do preconceito.
Modernamente  não nos afastamos muito dos primitivos ancestrais. Continuamos expressando anseios nas paredes.
Deixando ao lado as considerações morais sobre pichação, e o abandono de valores que indicam respeito a bolha alheia, ou no mínimo ao espaço material privativo público e pessoal, continuamos no mesmo processo.
Se antes as figuras representavam a sobrevivência e crenças místicas, hoje representam o misticismo dos cultos sociais.
Modernamente nossa espécie cultiva várias religiões.
Existe a adoração do poder, de ídolos esportivos, políticos, artistas, personagens televisivos ...enfim de várias naturezas onde existe a  projeção de ideias e anseios particulares.
Toda esta conjuntura acaba nas paredes, de forma artística (?) ou simplesmente provocativa, cuja  interpretação é variada.
Cada um lê de acordo com sua natureza ou crença.
Esbarrei, navegando pela internet,  nesta frase que considerei extremamente instigante.
Está (ou estava) no muro de uma biblioteca em Firenze.

"CHI PENSA DEVE AGIRE"


A primeira provocação é o pensar. A segunda é o agir...o que nos leva a infinitas ramificações.
É de paz ou de guerra? Sobre religião, política, filosofia, arte, história, gastronomia, moda...?
É uma derivação do "Penso, logo existo? Pois, se consigo pensar tenho uma identidade. Se tenho identidade e me posiciono em relação ao mundo minhas ações derivam deste pensar.
Minhas ações derivam de valores ou necessidades?
Ou seria uma admoestação para agir somente após refletir? Algo no sentido...só porque penso posso? Ou não devo porquê posso...

"Cada cabeça uma sentença" e infinitos rumos após a leitura de uma frase no muro da biblioteca.

É PERMITIDO PENSAR.

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Wassily Kandinsky - A Cor



A cor é um meio para exercer uma influência direta sobre a alma. A cor é a tecla; o olho, o martelo. A alma, o instrumento das mil cordas. O artista é a mão que, ao tocar nesta ou naquela tecla, obtém da alma a vibração justa. A alma humana, tocada no seu ponto mais sensível, responde

Wassily Wassilyevich Kandinsky, em russo: Василий Кандинский, foi um artista plástico russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Apesar da origem russa, adquiriu a nacionalidade alemã em 1928 e a francesa em 1939.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Museu Oscar Niemeyer

O tempo flui e tudo continua lindo no Museu Oscar Niemeyer...como sempre.
Parafraseando Marisa Monte...um "vilarejo"




















Vilarejo - Marisa Monte

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão

Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas cal

Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonhos semeando o mundo real
Toda a gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá

Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos
Os destinos e essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão

Vem andar e voa


Leitura de Imagem - Paradigmas

Semiótica abrange os signos que representam a descrição e compreensão da arte.
"A partir do momento em que a imagem passa a ser compreendida como signo, passa a incorporar diversos códigos, sua leitura requer o conhecimento e a compreensão destes. A semiótica tem por objeto qualquer sistema sígnico, seja ele pertencente às artes visuais, culinária, vestuário, religião, ciências."
Dentro do núcleo de Leitura da Imagem o professor Luiz Salgado explanou sobre os paradigmas que orientam esta interpretação.
Abaixo os infográficos da apresentação



















FLV - Leitura de Imagem - Van Gogh



Van Gogh viveu seus últimos anos no vilarejo de Auvers-sur-Oise, onde produziu em torno de 77 obras , dentre as quais o quadro “Campo de trigo em Auvers-sur-Oise”, “A Igreja de Auvers”, “O jardim de Daubigny”, “Château de Auvers”.


A prof Laila Tarran exemplificou uma Leitura de Imagem interpretando a obra L'Église d'Auvers-sur-Oise.
Nesta obra apesar do artista observar a proporção real da Igreja e seus elementos pictóricos nos repassa uma sensação de movimento, de rotação.
O céu e sua intensidade cromática (azul profundo) parece pesar sobre os outros planos da pintura. Junta-se ao telhado retorcido, em movimento ondulatório em perspectiva não aérea. Os campanários cedem sob o céu.
VanGogh não usa de recursos de profundidade espacial para representar os caminhos que circundam a Igreja.
Abaixo as infografias apresentadas no encontro online em agosto de 2020.

Van Gogh escreveu muitas cartas ao irmão Leo e à irmã Willimine relatando as telas que pintava.
Sobre   escreveu:
“Tenho um quadro maior da igreja - com um efeito em que a construção parece ser violeta, contra um céu azul escuro, cobalto puro; as janelas parecem manchas de azul-marinho, o telhado é violeta e, em uma parte, alaranjado - “.