terça-feira, 12 de maio de 2020

Fundamentos de Linguagem Visual - Linha

Linha

1 A LINHA HOFMANN, Armin. Manuel de création graphique–forme, synthèse, application. Suiça,Editora Arthur Niggli Ltda.1973.

Estudando exercícios de pontos, já vimos que a linha desempenha um papel importante como traço de união entre os pontos.
Ou esta ligação entre pontos separados é invisível e existe somente no pensamento, ou ela aparece já como uma força autônoma no ordenamento linear e fechado de pontos que se sucedem.
Se deslocarmos rapidamente um lápis sobre um papel, nascerá uma linha constituída por numerosos pequenos pontos que não conseguiremos mais distinguir como tais.
Não é senão pela utilização de instrumentos adequados como pincel e tira-linhas que é possível criar uma linha compacta, graças a um líquido. Mas mesmo neste caso não podemos esquecer que ela é formada pelo traço que se torna visível por meio do ponto em movimento.
A linha é, pois, dependente do ponto.
Ela o confirma como elemento original.O movimento é a característica própria da linha. Ao contrário do ponto, a linha é de natureza dinâmica. Ela pode ser prolongada indefinidamente em duas direções, e não está ligada a uma forma nem a um centro.
Se entretanto consideramos que a linha é um elemento fundamental, é somente porque o fenômeno que lhe dá origem não é mais perceptível.
Ela é um elemento que já passou por um estágio de crescimento.
Se o ponto desempenha um importante papel como elemento de criação e de decomposição, a linha é essencial como meio de construção. 
Ela reata, divide,sustenta, solda, protege; as linhas se cruzam e divergem.
O mais simples conjunto de linhas é a trama de horizontais e verticais. A repetição de uma linha fina traçada em intervalos regulares produz um valor de cinza, no qual a linha individual perde sua própria visibilidade assim como numa massa uniforme de pontos cada ponto perde sua individualidade.
Se retirarmos algumas linhas de uma trama, imediatamente surgem outras - pertencentes a outro sistema – o que nos leva a reconhecer que, numa trama, dois fenômenos de qualidade equivalente aparecem: a linha preta e a linha branca que estão constantemente em relação de dependência. 
Duas retas paralelas formam outra, entre elas. Surge automaticamente a relação negativo/positivo, uma das mais importantes oposições em criação visual. 
O intervalo que aparece é necessariamente tão importante quanto os elementos que o engendram.
O aumento progressivo da distância entre as linhas, o lento espessamento das próprias linhas, a diminuição para cima ou para baixo, aposição oblíqua de uma linha no interior de um campo, são fenômenos que, por sua simplicidade, despertam noções elementares em nossa consciênci.


2 A LINHA –TEXTO DE APOIO 1 (cont.)HOFMANN, Armin. Manuel de créationgraphique–forme, synthèse, application.Suíça:Editora ArthurNiggliLtda.1973.

Assim como o ponto, a linha permanece ela mesma apesar da sua extensão. Mas, ao contrário do ponto que mesmo aumentado permanece ainda perceptível como ponto aos nossos olhos por longo tempo, a linha quando prolongada pode sair rapidamente do nosso campo visual.
Se ela é muito espessa em relação ao comprimento, torna-se superfície aos nossos olhos.
A linha só pode ser concebida como tal na sua relação comprimento/largura.
Ela se modifica mais facilmente que o ponto, em função da distância.
A linha fina, mesmo quando prolongada ao infinito, não é apropriada para dar suporte aos tons e às cores. 
Se a espessamos de modo que se torne um suporte suficiente para a cor, ela deverá modificar de tal modo o seu comprimento para permanecer ela mesma, que sairá novamente do campo visual. Quando se afina, a linha preta perde a intensidade e torna-se cinza. 
É a linha branca que resiste melhor à superfície preta. 
Afinando-se ela recebe até uma luminosidade suplementar.
No campo da reprodução, a xilogravura, a gravura sobre linóleo e sobre courosão particularmente propícias ao traçado da linha porque oferecem materiais e utensílios adequados. 
A linha feita por incisão na madeira ou no linóleo aparece em negativo, quer dizer, em branco sobre fundo preto. A obtenção de uma linha preta sobre fundo branco necessita um trabalho mais complicado. 
A água-forte ao contrário, faz aparecer sem intermediário a linha preta positiva sobre fundo branco, se bem que o procedimento do trabalho – a gravura da linha - parece ser o mesmo para a madeira e para o linóleo.
A água-forte permite o traçado de linhas extremamente finas que não se consegue com outra técnica.
A pedra litográfica de granulação comprimida e ligada, a chapade offset e, mais recentemente o filme, são os procedimentos que oferecem menor resistência ao traçado das linhas. 
Pena e pincel podem desenhar uma rede de linhas sem dificuldade. Os materiais utilizados não impõem nenhum limite à diferenciação dos traços assim como à rapidez dos movimentos.
Em razão da evolução das técnicas, todos os procedimentos de reprodução primários já estão superados. 
No entanto sua prática permite aos estudantes de hoje familiarizarem-se com os princípios básicos dos processos de reprodução, que tornam-se incessantemente mais complexos.
Reduzidas ao essencial, as técnicas artesanais de impressão obrigam a renunciar ao acessório. A expressão mais fina da linha – a arte de tornar por assim dizer, visível a sua essência - é mais seguramente alcançada, uma vez que esta linha é concebida, como de resto todos os outros elementos de composição visual, em função da sua transposição técnica.

 Tradução de Laila Tarran, exclusivamente para fins de estudo

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