sexta-feira, 15 de maio de 2020

Fundamentos da Linguagem Visual - A Cor



1- UNESPAR-CAMPUS II –FACULDADE DE ARTES DO PARANÁ CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM VISUAL
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I - ANO LETIVO DE 2020

PROFESSORA:MARIA LAILA TARRAN

TEORIA DA COR1. 

NATUREZA FÍSICA DA COR

“_A cor é um elemento vital, como a água e o fogo. É, sem dúvida, uma necessidade essencial”
Fernand Léger, em Fonctions de la Peinture, 1965
A maior parte das informações que recebemos de modo não sistemático é de natureza visual e, nelas, a cor desempenha um papel preponderante.
Basta olharmos o mundo ao nosso redor para constatarmos a enorme participação da cor em tudo o que apreendemos visualmente, na natureza, na vida urbana, nas manifestações culturais.
Como ideia, como fonte de informação, como meio de manifestação estética, a cor comunica e difunde conceitos.
Além de oferecer experiências sensoriais da maior importância, a cor é um fenômeno cultural e conhece-la requer estudos multidisciplinares,envolvendo aspectos da Física, da Química,da Fisiologia e também da Filosofia,da História,da Antropologia,da Sociologia, da Psicologia,da Semiótica,da Arte.
 Enfim, pode ser examinada sob inúmeros aspectos.
De natureza efêmera e mutante, a cor não é uma propriedade fixa das superfícies. Enquanto a forma e as dimensões podem permanecer constantes, mesmo que temporariamente, a cor não está lá na superfície dos objetos observados e sim na percepção do observador.
É o resultado da interpretação que o cérebro do observador faz da luz absorvida e da luz refletida pela superfície iluminada que atinge a sua visão.
Sendo assim, a cor depende da luz que ilumina os objetos, da capacidade que a matéria tem de de absorver e refletir seletivamente parcelas da luz que recebe; e da visão do observador, que capta e interpreta o estímulo recebido através da luz refletida da matéria.
Pode ser decepcionante mas,o mundo que nos rodeia, por si só, é incolor.

 POR QUE ESTUDAR A TEORIA DA COR.

A cor é instável, mesmo que os estímulos que a provocam permaneçam constantes.
Pode se iluminar, obscurecer, expandir, contrair, intensificar, desbotar, avançar, retroceder, dependendo de inúmeros fatores, além da luz, da matéria, das cores do seu entorno, e das singularidades do observador com seus filtros fisiológicos, psicológicos e culturais, ainda que o estímulo inicial permaneça constante.
Portanto, não há relação direta entre o estímulo oferecido ao observador e a cor recebida. 

"As cores acabam azuis. 
Quando as lâmpadas ainda não foram acesas e a nuvem da noite vem cobrindo as folhas lentas do mar até a serra. 
A fumaça desfoca os objetos que não se movem. 
A luz bate na pele das coisas gerando essa camada membrana película chamada cor. 
Saliva sobre a língua. 
Às vezes elas parecem vir de dentro das coisas: As cores dos lápis de cores. 
Linguagem. 
Para que haja vermelho é preciso muito branco. A
s cores se transformam quando se encostam. 
Laranja, rosa, cor-de-laranja, cor-de-rosa. 
Amanhecer. As cores costumam arder antes de esmaecer. 
Quando esfriam, o espaço entre elas e as coisas diminui. 
E borram quando transbordam. 
Os verdes maduram cedo. As luzes apagam preto. 
As cores começam azuis, dentro dos casulos brancos. 
Flores para elas. " 

ARNALDO ANTUNES, fevereiro 2016
https://www.facebook.com/arnaldo.antunes/photos/a.178166738930424/983126415101115/?type=1&theater

2. Na composição abaixo, Vermelho e ciano em mutações cromáticas de Israel Pedrosa (ilustração 101 de Universo da Cor)   há um só tom de vermelho e um só tom de azul ciano, embora eles nos pareçam de dois tons diferentes.
As alterações decorrem das interferências das cores contíguas amarelo e azul-violeta em disposições diferentes nas metades superior e inferior da imagem.
Sendo assim, como fazer escolhas de cor?
Temos à nossa disposição uma infinidade de opções, especialmente nos meios tecnológicos. Temos inúmeros recursos para editar imagens, interferir artificialmente nelas.
São muitos os sistemas de cor disponíveis e seu uso requer conhecimento da teoria da cor.
Muitos dos fatores que interferem na cor são imprevisíveis mas, para aqueles que se utilizam deste importante elemento da linguagem visual, é imperativo conhecer sua natureza física para a compreensão dos contrastes de cor e da interação das cores, fatores previsíveis que interferem e relativizam as cores.


O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO / A LUZ

Incontáveis ondas preenchem todo o espaço ao nosso redor. Entre elas, as ondas eletromagnéticas, resultado das interações de campos elétricos e campos magnéticos que têm a capacidade de se propagarem no vácuo.
Foram descritas matematicamente por James Clerk Maxwelem 1864 e demonstradas em 1888 por Heinrich Rudolf Hertz.
A fonte mais importante destas ondas é o sol mas elas podem ser produzidas também por átomos de hidrogênio neutro do espaço interestelar, por emissões na faixa dos quasares, entre outras.
Há ainda fontes terrestres como estações de tv, rádio etc.
Duas das características das ondas eletromagnéticas, comprimento de onda e frequência, são especialmente importantes para o estudo da cor.

COMPRIMENTO DE ONDA  (λ)

É a distância entre duas cristas, representado pela letra grega λ (lambda) e é medido em metros e seus múltiplos/submúltiplo.




 FREQUÊNCIA DE  ONDA  (f) 

 corresponde ao número de oscilações por unidade de tempo. Em outras palavras, o número de cristas que passa por um ponto fixo por segundo.
Pelo Sistema Internacional 3 (SI),a unidade de frequência é o hertz (Hz), que equivale a 1 segundo, e é representada pela letra f.
Sendo assim, quanto maior a distância entre as cristas (que equivale ao comprimento de onda) menos ondas passarão pelo ponto fixo por segundo.
Conclusão: quanto maior o comprimento de onda, menor a frequência.
As duas grandezas são inversamente proporcionais.
Do ponto de vista da física, podemos dizer que espectro é a representação visual de um conjunto de ondas eletromagnéticas por ordem de grandezas observáveis, aqui traduzidas pela frequência e comprimento de onda. Os mais conhecidos tipos de ondas eletromagnéticas são luz, micro-ondas, ondas de rádio, radar, laser, raios X e radiação gama.
A figura abaixo mostra um espectro eletromagnético em escala que apresenta desde os raios Gama, de ondas curtas e alta frequência até as ondas de rádio, de ondas longas e baixa frequência.


Um pequeno conjunto das ondas eletromagnéticas,entre os raios ultravioleta e os infravermelho, é visível e compõe a luz.
Esta pequena parcela chamada luz corresponde a apenas 1/70 do espectro eletromagnético, mas contém uma infinidade de comprimento de ondas que variam de 400nm a 700nm, aproximadamente,
e têm frequências entre 405 THz  (terahertz)e 790 THz.
Mas a luz não é apenas onda tem também um caráter dual.
Comporta-se também como corpúsculo.
São estas ondas eletromagnéticas visíveis que, quando captadas pela nossa visão e convertidas em impulsos nervosos interpretados pelo nosso cérebro podem provocar o que chamamos cor.



A DISPERSÃO DA LUZ

Em 1666, o cientista inglês Isaac Newton (1643-1727) colocou um prisma triangular de vidro na trajetória de um raio solar.
 Orientando os raios refratados pelo prisma em direção a uma superfície de cor branca, Newton observou uma série de cores alinhadas, tal como se apresentam no fenômeno natural do arco-íris, comprovando pela primeira vez que todas as cores estão contidas na luz branca (incolor).
Inversamente, ao colocar o prisma na trajetória da luz com as cores alinhadas, obteve novamente a luz branca (incolor).

Espectro Eletromagnético Figueiredo,2005

Newton denominou dispersão da luz a separação (decomposição) em cada uma das suas componentes e espectro da luz ou íris a disposição progressiva das cores da luz branca (incolor) dispersadas.
Demonstrou também que cada onda é monocromática, já que não pode ser decomposta em outras.
A dispersão de qualquer fonte de luz pode ser obtida por meio de prismas óticos e outros corpos transparentes e incolores, dotados de superfícies planas não paralelas. No fenômeno natural do arco-íris, são as gotículas de água em suspensão que cumprem este papel.



As ondas mais longas do espectro da luz são as que provocam a percepção do vermelho; as mais curtas, podem provocar a cor azul-violeta.
 As ondas médias correspondem ao estímulo que provoca o verde.
Cada uma destas faixas de ondas aciona um tipo de receptores do sistema visual humano.
Se todas as ondas visíveis, com toda a intensidade, atingirem simultaneamente a visão, estimularão a percepção do branco ou da luz incolor que, habitualmente, nomeamos luz branca.
O mesmo acontecerá se, as ondas longas, as médias e as curtas o fizerem, uma vez que também poderão acionar todos os receptores visuais.

A luz não é cor mas é indispensável à cor.

É dela e da sua interação com a superfície que vem o estímulo para a percepção das cores.
A cor, por sua vez, não é propriedade da luz mas sim uma manifestação eletroquímica do sistema sensorial visual do observador - olhos, nervos, cérebro - estimulada pela luz que a matéria reflete.


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