domingo, 26 de julho de 2020

História da Arte I - Arte e Não Arte



“A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas, como se sente que são.”
Fernando Pessoa

Sou cria da ciência e apesar disto amante da literatura e aprendiz de arte, logo Fernando Pessoa tem para mim um apelo irresistível que inclui a concordância com suas palavras.
Entretanto...não interpreto esta afirmativa como permissividade para qualquer forma de expressão.
Assim como na ciência existe material e método para retratar as coisas como são, na arte há de se ter algum norte ao expressar como sentimos que são.
Podemos expressar beleza e fealdade das nossas almas, corações ou consciência de forma artística ou não.
É possível jogar na face do mundo nossa aceitação, revolta, solidariedade, desprezo, amor ou ódio com arte e sem arte.
Apesar de existir grande e redundante polêmica sobre a definição de arte, para que ela se afirme como tal é necessário que esteja cercada de alguma aura. Do toque mágico que nos faz parar , observar e reagir frente ao que é expressado e pela forma que o faz.
Arte tem magia e reverência. Maestria. Da mais singela, pura e primitiva até a mais sofisticada.
Possui estilo, coerência, sequência e voz que excede o comum.
Quando nos deparamos apenas com um recado destinado a direcionar corações e mentes em diferentes doutrinas filosóficas, políticas e religiosas estamos falando de Ciências Sociais, Políticas ou Teologias.
Muitas vezes estes ramos do conhecimento humano se apropriam de um instrumento artístico para serem ouvidos. Algumas vezes fazendo arte  e outras negando arte.
A Não Arte é exatamente o que diz: Uso da linguagem artística, desprovida de valor artístico.
E aí entramos em outro conflito da modernidade: Valor da arte.
Possivelmente estes conceitos nunca alcançarão um consenso entre os gregos e troianos, estendidos por mais alguns séculos, com artistas, críticos e apreciadores muito preocupados em modernizar paradigmas,  negando os anteriores.
Talvez neste ciclo infindo voltemos ao encontro dos grandes mestres, do classicismo de proporções áureas, ao número de ouro da arte.

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