quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Decepciona-me

 


O admirável deixa de ser, quando permite que a vontade sobreponha a ética.

Quando o douto e letrado se apropria destas características e do poder que lhe conferem para doutrinar o incauto.

Torna-se grave e injustificável se ocorre apropriação da cátedra, território neutro e alienável, para tais propósitos.

Houve tempo que escolas eram santuários, semelhantes aos templos, oásis neutros preocupadas em transmitir de uma geração para outra o cabedal cognitivo adquirido pelo homem, no decorrer da sua história. Conhecimento que permite a situação de conforto para o atual  'status quo'.

Tal característica de neutralidade e liberdade de escolha se perde quando doutrinas transitam nos locais de ensino, declaradas de forma dominadora, a revelia de vozes dissonantes.

Pergunto-me em que curva do caminho este douto se afastou da ética, da nobre arte, para vestir o manto da certeza sentenciosa em detrimento do conhecer, ensinar e respeitar.

Quando as páginas em branco passaram a ser convite para a escrita totalitária que preenche todas as linhas sem deixar espaço para o livre arbítrio?

Decepciono-me com a espécie. Talvez os deuses astronautas sejam de melhor teor.


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