quinta-feira, 25 de junho de 2020

Reflexões sobre uma live.


Live I -  O Que é Pesquisa - Junho - 2020

Tempos estranhos onde a Pandemia Covid19 nos joga no olho do furacão de searas desconhecidas.
Uma semana de aula, e esta grave epidemia truncou o que  se aguardava como promissora atividade mental e cultural.
Época decepcionante pelo fato em si e pelo que suspendeu: Academia de Arte.
Havia expectativa interior  nebulosa, pois o campus acadêmico, do qual eu fui tão íntima, era realidade longínqua.
Iniciando percebi mudanças aceleradas  e surpreendentes. Ocorridas em  pouco mais de uma década!
Grassa inédita animosidade discente e inesperado rigor docente na Academia de Arte,
Emergiu juventude muito crítica, contestadora e lamuriosa,  que por ora não soluciona. Talvez na próxima geração.
Décadas atrás  éramos, na maioria, investigativos. Buscávamos o saber, o conhecer no admirável mundo acadêmico. Hoje parece-me que busca-se embate, contestação, contudo sem  expectativa precisa do que vem a seguir, com o que substituir aquilo que foi contestado.
Mas a live...que ganhou notoriedade na campanha política, minha primeira acadêmica assistida, foi um recurso necessário, embora controverso.
Algo no estilo CNN onde os participantes debatem e uma plateia discente participa através de tímidos comentários escritos.
Muito hoje. Muito tecnológico.
Interessante pela novidade, entretanto senti falta do olho no olho.  Torna-se mais fácil o dispersar, e pensamentos que não são expressos no surgimento se perdem.
Lives cortam a interação espontânea contudo  é o que temos, então aproveitemos!
A contrapartida seria estagnar, ou deixar o tempo escapar entre os dedos, perdido nas lamentações cotidianas. Inúteis, embora justificáveis no contexto vivido.
Revelou surpresas.
Acreditava, em ideia preconcebida, que seria necessário adaptar minhas origens de academia da ciência, para o universo artístico e percebi que Academia é única.
O jargão diverge e  muito. Será um processo mental entender as intenções detrás das palavras, e me fazer entender.
Comecei torto colocando um termo que me é banal: Dissecar. Usado no sentido de esmiuçar....e que gerou susto, interpretado numa imagem sangrenta de arte despedaçada, morta em trágico assassinato.
Interessante o condicionamento interpretativo.
Erro meu que num assunto preconizado como "poéticas", que sugere a leveza artística literária,  eu tenha usado um vocábulo sugerindo a crueza científica das mesas de autópsia.
Suscetibilidades existem, mais do que eu poderia imaginar. Rigores também.
Material e métodos. De certa forma foi reconfortante perceber que academias são absolutamente as mesmas, na forma e estrutura, desde que decifremos os códigos de comunicação.
Era o que eu buscava, e o que me foi oferecido. Conhecimento, material e métodos.
E, a medida que os símbolos forem traduzidos creio que fluirá exatamente como um rio receptivo aos afluentes. 
Academia reflete o que vivemos: momento  tormentoso, belicoso que necessita da busca  de apaziguamento.
Porém talvez não seja necessário resetar 2020.